Antes de falar um pouco sobre a sinopse da trama, quero destacar a chamada do folhetim que dizia:
“Dentro de nossa alma, o medo, o amor, o dever, o ódio... Gigantes acima de nossas forças”.
Bem, já deu pra sacar que estamos lidando com uma situação fora do comum aqui, porque essa chamada tá mais dramática que novela mexicana em dia de tempestade. Sério, se parar pra pensar, é um negócio bem pesado, ainda mais para os telespectadores dos anos 70 que estavam acostumados com um nível menor de drama. Aqui o autor pesou um pouco a mão, mas tem muitas coisas boas no meio desta tempestade que foi Os Gigantes.
A história que começa com a jornalista Paloma Gurgel (Dina Sfat) retornando a Pilar, sua terra natal, após passar um longo período no exterior trabalhando como correspondente internacional, para visitar o irmão gêmeo, Fred (João Batista Vieira), internado em coma no hospital, respirando com a ajuda de aparelhos, após uma cirurgia no cérebro.
No finalzinho do primeiro capítulo, Paloma dá aquela conferida na fita k7, onde o seu irmão pede ajuda para morrer, caso ficasse incapacitado pela doença. E agora, o que você faria no lugar dela? Desligaria tudo ou manteria o seu irmão naquela situação? Decisão difícil, hein?
Foto: Divulgação/TV Globo
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A história que começa com a jornalista Paloma Gurgel (Dina Sfat) retornando a Pilar, sua terra natal, após passar um longo período no exterior trabalhando como correspondente internacional, para visitar o irmão gêmeo, Fred (João Batista Vieira), internado em coma no hospital, respirando com a ajuda de aparelhos, após uma cirurgia no cérebro.
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Depois de muita angústia com o sofrimento do irmão, no quinto capítulo, Paloma decide desligar os aparelhos que o mantêm vivo. Com essa atitude, inicia uma batalha judicial, onde sua cunhada Veridiana (Suzana Vieira) a denúncia, acusando de ter praticado eutanásia. Lembrando que a cunhada estava grávida e que os médicos iriam fazer uma nova cirurgia nele, com objetivo de mantê-lo vivo até o nascimento do bebê. Porém, com a morte do marido, o choque foi tão grande que Veridiana acabou perdendo o seu único herdeiro.
Contudo, o drama de Paloma se apresenta como algo sem fim. No decorrer dos capítulos, ela ouve uma nova gravação deixada pelo irmão que faz um apelo dizendo: “Gostaria de viver apenas o suficiente para ver meu filho nascer. Depois partiria tranquilo, certo de ter deixado uma criança em meu lugar, como se fosse o prolongamento de mim mesmo.” E agora, será que a Paloma vai surtar com essa descoberta bombástica?
Contudo, o drama de Paloma se apresenta como algo sem fim. No decorrer dos capítulos, ela ouve uma nova gravação deixada pelo irmão que faz um apelo dizendo: “Gostaria de viver apenas o suficiente para ver meu filho nascer. Depois partiria tranquilo, certo de ter deixado uma criança em meu lugar, como se fosse o prolongamento de mim mesmo.” E agora, será que a Paloma vai surtar com essa descoberta bombástica?
Além de lidar com os dramas familiares e os sentimentos à flor da pele, Paloma ainda se enfiou num triângulo amoroso com o fazendeiro Fernando Lucas (Tarcísio Meira) e o médico Francisco Rubião (Francisco Cuoco), os dois amigos de infância disputam o amor da protagonista. Agora, a pergunta que não quer calar: com quem essa “mocinha” vai casar no final? Será que vai rolar um "vem ser feliz no interior" ou um "só a medicina pra curar esse coração partido"? Tadinha dela, nem imagina o final que foi escrito para ela.
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“Minha grande certeza é de que Os Gigantes contribuirá, dentro dos vários limites impostos ao veículo, para a discussão e informação de temas importantes, reais e até mesmo fundamentais para o momento histórico que vivemos. A discussão de temas universais, como a eutanásia, ou a de temas nacionais, como a sobrevivência da média empresa nacional em face do gigantismo das multinacionais. Além da análise de comportamento de vários personagens que representam segmentos múltiplos da nossa sociedade. É sempre bom frisar: minha intenção é discutir amplamente todos os problemas e não impor pontos de vistas pessoais ou verdades acabadas. Prefiro levantar as contradições do que apresentá-las resolvidas em termos de palavra de ordem- estas, sempre, reduções da realidade”.
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É assim que nasce uma ideia. O talentoso Lauro César revelou que foi exatamente ao desenvolver o perfil da protagonista que surgiu a faísca de inspiração para sua nova história: “Paloma é uma mulher de horizontes largos, alguém que jamais é objeto da ação, mas sim o sujeito. Uma pessoa que decide tudo sobre ela mesma e não aceita que digam o que deve ser feito e se diz inclusive, nem ouve. Ela decide todas as suas ações e até mesmo algumas coisas que não lhe pertence, como a vida do irmão gêmeo (Fred que morre nos primeiros capítulos). É uma mulher absolutamente livre, solta no mundo.” (O Fluminense, agosto de 1979)
Com o perfil e a história em construção, seria preciso uma atriz forte para compor essa personagem tão intensa. A intenção da emissora era entregar essa personagem nas mãos de Eva Wilma, que nessa época era contratada da TV Tupi, porém, o folhetim precisou ser antecipado e Eva Wilma teve que continua na Tupi, sendo liberada somente no ano seguinte. Segundo uma matéria publicada na revista Amiga, o autor descreveu Dina Sfat, como a sua escolhida para dar vida a sua protagonista:
“Ai, escolhi Dina Sfat. Mulher e atriz que abomina os roteiros preestabelecidos, que sabe conciliar mulher-mãe com mulher-atriz, que não separa confortavelmente vida-privada e vida-profissional. Mulher que se deixa invadir e invade numa inter-relação humana, corajosa e despojada. Atriz que recebeu da natureza um par de olhos que permite close a leitura dos seus pensamentos e ansiedades [...]. Simplesmente uma grande atriz”.
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Continuando com o papo, chegou a vez da Dina tomar a frente e compartilhar um pouquinho sobre a sua nova personagem. Nesse período, ela ainda se mostrava muito entusiasmada com a Paloma, porém, com o decorrer dos capítulos esse brilho foi se perdendo e deixando a atriz insatisfeita com suas cenas.
“Pela primeira vez na televisão estão colocando problemas mais profundos do ser, da existência e do comportamento de uma mulher. Paloma é uma pessoa amoral que explora sua sexualidade para além dos limites chamados normais. Ela encaminhou sua vida num processo de libertação, de busca de novas formas e novos valores”. (Revista Amiga, 1979)
Com tudo, com o passar dos capítulos, já rolava nos bastidores que Dina não estava muito satisfeita com a sua personagem, mas ela sempre tentava disfarçar o descontentamento, como veremos abaixo em algumas declarações:
“Na verdade, essa personagem me preocupa e ainda não a conheço inteiramente, apesar de já ter gravado mais de trinta capítulos. Isso se deve um pouco ao fato de Paloma ser o eixo da novela, o que me dá medo e prazer ao mesmo tempo, mas também me deixa como atriz oscilante”. (O Fluminense, agosto de 1979)
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“Não estou insatisfeita com a novela, nem com o Lauro. As pessoas ficam fofocando porque ele veio ao Rio para assistir minha peça e aproveitamos para conversar, coisa que só fazíamos pelo telefone, desde o começo da novela. Se a personagem é indefinida é porque assim está previsto no roteiro. Quanto ao tal relacionamento homossexual de Paloma com Renata, não sei de nada. O certo é que Paloma vai ter um deslumbramento por ela, pela sua liberdade, um fascínio que uma mulher de 37 anos pode ter por uma menina, mas dentro de uma relação mais para o maternal. É claro que o autor tem projeto para as duas, mas isso é segredo dele.” (Jornal do Brasil, 7 de outubro de 1979)
Porém, como veremos logo mais, esse discurso irá mudar e muitos profissionais do elenco vão se mostrar incomodado com o andamento de Os Gigantes.
Muitas polemicas em um só folhetim
Vamos começar pelo o final mais impactante ficou destinado a Paloma, que foi condenada pela morte do irmão. Ousada como foi durante toda a trama, a jornalista agora está grávida e pede para ter a criança em sua fazenda e só depois cumprir sua pena. E olha só que momento emocionante: Paloma dá à luz um menininho, batizado de Frederico em homenagem ao irmão. Mas aí, ela entrega o garotinho pros cuidados de Francisco e da Veridiana. Que reviravolta, hein?Mas a coisa não para por aí! Paloma arma um plano audacioso, digno de filme de ação: ela pega o avião da fazenda e voa pelos céus da cidade, chamando a atenção de todos. Enquanto voava, a protagonista se sentia conectada com o Fred e decide que a morte é a melhor saída. Ela espera o combustível do avião acabar e... kaboom! Se joga no chão, causando uma explosão, que coloca fim ao seu drama. Para fechar a trama, Fernando e Chico dão um aperto de mãos e olham para o campo, onde veem Paloma ainda pequena alegre brincando com uma pomba, ao som de “Força Estranha” de Gal Costa.
Foto: Divulgação/TV Globo
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