Se você ainda não leu, recomendo começar pela primeira parte, que já está disponível clique aqui para acessá-la. Agora, prepare-se para mergulhar nos bastidores de Selva de Pedra.
Num certo ponto da história, o texto de Janete foi alvo da censura, forçando a autora a reescrever alguns capítulos. Quando Cristiano, acreditando erroneamente que sua esposa está morta, planeja se casar novamente com Fernanda, esbarra no obstáculo da censura, que rotula seu personagem de bígamo, mesmo sem ele ter ciência de que Simone ainda está viva.
Em entrevista ao UOL, em 2013, Boni, ex- superintendente de produção e programação da Globo, contou os dribles que ele, a autora e o diretor tiveram que dar na censura para que a novela não mudasse de horário nem fosse interrompida.
"Quando os argumentos falhavam, tínhamos que executar as mudanças necessárias para não sair do horário. O custo das regravações era extremamente inferior do que jogar fora audiência do horário e perder as verbas publicitárias. Muitas vezes as alterações obrigavam os autores a um exercício de criatividade que assustava por ter virado rotina. Em Selva de Pedra, as soluções foram discutidas comigo pela Janete Clair e o Daniel Filho."
Foto: Divulgação/TV Globo
No final, Janete teve que reescrever 22 capítulos e decidiu dar um novo rumo para sua história, isso tudo para manter a trama no ar. A solução para o enredo foi que Cristiano abandonar Fernanda no altar, perturbado pela culpa de ter causado a morte da esposa, mesmo que indiretamente. Esse acontecimento, acaba desencadeando uma nova trama de vingança, agora por parte da vilã Fernanda, que se mostra cada dia mais louca de pedra.
“Quando os argumentos falhavam, tínhamos que executar as mudanças necessárias para não sair do horário. O custo das regravações era extremamente inferior do que jogar fora audiência do horário e perder as verbas publicitárias. Muitas vezes as alterações obrigavam os autores a um exercício de criatividade que assustava por ter virado rotina. Em Selva de Pedra, as soluções foram discutidas comigo pela Janete Clair e o Daniel Filho." (Portal Uol, 19 de Janeiro 2013)
Foto: Divulgação/TV Globo
Dina Staf e Carlos Vereza
01 - O casal principal de Selva de Pedra conquistou um sucesso estrondoso. Em novembro de 1972, Francisco Cuoco e Regina Duarte foram coroados como os Reis da Televisão pelos leitores da revista Amiga, uma publicação dedicada à cobertura televisiva. Essa eleição foi promovida em colaboração com o Programa Silvio Santos, que, naquela época, era transmitido pela TV Globo.
02 - Nesta novela do horário nobre, Francisco Cuoco assumia seu primeiro papel principal. Ele revelou que construiu o personagem inspirado nos jovens que encontrou durante sua infância no Brás, um bairro operário de São Paulo.
Foto: Divulgação/TV Globo
Gloria Pires em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972
04 - Pelos seus desempenhos em Selva de Pedra, Walter Avancini e Dina Sfat foram agraciados pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como o melhor diretor de novelas e a melhor atriz de 1972. Além disso, a novela recebeu o Troféu Imprensa de melhor produção do ano. Francisco Cuoco e Regina Duarte foram laureados como melhor ator e melhor atriz, respectivamente.
05 - O estrondo do personagem interpretado por Regina Duarte em Selva de Pedra desencadeou um verdadeiro fenômeno no Brasil, com um aumento significativo de bebês batizados com o nome Simone. Segundo um artigo na revista Veja São Paulo (28/08/2017), mais de 150 mil meninas foram nomeadas Simone em 1972, enquanto na década anterior inteira, de 1960, não havia sequer 30 mil registros do nome em todo o país. Coincidência? Acho que não!
06 - Em 1986, a Globo decidiu fazer um remake da novela, com roteiro assinado por Regina Braga e Eloy Araújo. Apesar do sucesso, a nova versão não conseguiu replicar o fenômeno da edição original.
Foto: Divulgação/TV Globo
Sonia Braga em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972
09 - Na sinopse original, a dona da galeria de arte em que Simone expunha seus trabalhos seria uma japonesa chamada Madame Katzuki, mas a atriz escalada para o papel deixou o elenco em cima da hora. O personagem acabou sendo feito por Ida Gomes. A atriz conta que o diretor Daniel Filho perguntou se ela sabia fazer algum sotaque. Ela respondeu que fazia o sotaque francês com perfeição. Madame Katzuki passou, então, a ser uma francesa que havia se casado com um japonês, e tudo foi resolvido. (Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas, Fábio Costa)
Foto: Divulgação/TV Globo
Carlos Vereza e Franscisco Cuoco
10 - Após o sucesso de Selva de Pedra, Janete Clair aproveitou um merecido descanso e voltou à tela no segundo semestre de 1973 com O Semideus. Nessa fase, ela começou a intercalar seu trabalho no horário das oito com outros novelistas. É importante ressaltar que, antes disso, a autora tinha o hábito de emendar uma trama na outra sem pausas prolongadas.
11 - A TV Globo preparou uma versão especial de Selva de Pedra para uma exibição única, com duração de uma hora e meia, na noite de 20 de março de 1980, como parte das comemorações do Festival 15 Anos da emissora, com apresentação de Francisco Cuoco.
Foto: Divulgação/TV Globo
Dina Sfat e Regina Duarte
Bastidores
Foto: Divulgação/TV Globo
Fontes de pesquisas: Revista Veja São Paulo; Revista Amiga; Livro Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas; Site Uol; Site Teledramaturgia; Site Memória Globo; Blog Revista Amiga e Novelas.
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